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É comum ocorrer cefaleia pós-raquidiana?

É comum ocorrer cefaleia pós-raquidiana?

As complicações neurológicas após a raquianestesia são raras, mas quando ocorrem, uma das mais frequentes é a cefaleia pós-raquidiana. Estima-se que essa condição atinja cerca de 10% das pessoas que passam pelo procedimento.

Sendo assim, pode-se dizer que é comum ocorrer a cefaleia pós-raquidiana. No entanto, as técnicas de anestesia – especialmente em relação ao calibre e tipo das agulhas – estão evoluindo de tal forma que as chances de ter essa dor estão diminuindo. Além disso, existe tratamento.

Neste artigo, entenda por que ela ocorre, quais são os fatores de risco e como é o tratamento para se livrar dessa dor.

 

Por que ocorre a cefaleia pós-raqui?

Cefaleia pós-raqui é a dor de cabeça intensa que os pacientes sentem após a raquianestesia. Também chamada de cefaleia por hipotensão do líquido cefalorraquidiano (LCR), essa dor costuma aparecer algumas horas após a aplicação do anestésico e pode levar até 2 semanas para cessar.

Atinge a parte da frente e a de trás da cabeça, mas também pode se espalhar para a região da coluna cervical e os ombros.

Para entender por que ela ocorre, vamos lembrar como é feita a anestesia raquidiana.

Para tirar a dor de uma região do corpo que vai passar por alguma cirurgia, é aplicada uma substância anestésica nas costas do paciente, na altura da coluna lombar.

Uma agulha é inserida dentro do espaço preenchido por um líquido que fica no entorno da medula espinhal.

Por menor que seja o furo feito pela agulha, cria-se um caminho para o vazamento do líquido cefalorraquidiano (LCR) para além do canal da medula. Dessa forma, a pressão desse fluido é diminuída tanto ao redor da medula quanto no próprio cérebro. É por isso que essa dor também é chamada de cefaleia de baixa pressão.

A hipotensão liquórica altera a circulação cerebral, faz com que sejam dilatadas as veias intracranianas e as meninges, bem como tornam flácidas as estruturas intracranianas e causam estiramento dos nervos sensoriais que ficam no cérebro.

A intensidade da dor de cabeça varia conforme o volume de líquido que vazou. Outros sintomas como náuseas e vômitos podem estar associados.

Além disso, a dor pode ser suavizada quando o paciente está deitado. Ao ficar sentado ou em pé, a cefaleia se torna mais intensa.

Que perfil de paciente é mais comum ter cefaleia?

As mulheres JOVENS são mais suscetíveis a ter esse tipo de dor, mas existem outros fatores de risco para essa condição.

  • Idade: pacientes mais jovens, com 25 anos, por exemplo, têm entre 3 a 5 vezes mais chances de ter cefaleia pós-raqui do que uma pessoa com mais de 65 anos.
  • nero: mulheres até 30 anos têm maior incidência, cerca de 2 a 3 vezes mais que os homens. Mas o risco diminui gradativamente até a menopausa, quando as chances de ter a cefaleia pós-raqui se equiparam às dos homens.
  • Gravidez: a produção do hormônio estrogênio na gravidez naturalmente faz com que a mulher grávida tenha menor pressão liquórica do que o normal. Ao mesmo tempo, durante o trabalho de parto, essa pressão é aumentada, o que favorece seu vazamento com a aplicação da agulha para anestesia. São dois fatores que, combinados, promovem a cefaleia pós-raqui.
  • Outras condições: também interferem nas chances de se desenvolver a cefaleia pós-raqui o peso (pessoas com índice de massa corporal abaixo de 25 têm risco maior), a desidratação no momento do procedimento e o histórico de dores de cabeça do paciente.

Tipos de agulhas

O tipo da agulha interfere nas chances de se desenvolver a cefaleia pós-raqui. Quanto mais grossas, maior será o furo produzido na meninge e maior será o tempo para o organismo cicatrizá-lo.

Além disso, dependendo da posição do orifício na ponta da agulha, o furo deixado pode ser maior ou menor. Hoje, os tipos mais usados são whitacre e sprotte, que possuem ponta em forma de lápis, em vez da quincke.

tipos de agulhas raqui

Outro fator importante é o número de punções. Quanto mais vezes forem feitas as tentativas, maior é a chance de o líquido extravasar.

Como controlar os sintomas?

O tratamento para a dor de cabeça pós-raquidiana depende da gravidade dos sintomas.

Quando o paciente consegue ficar em pé e realizar suas atividades normalmente, bastam analgésicos simples de via oral, como o paracetamol e a dipirona. Ficar de repouso e hidratar-se bem são recomendados.

Em casos de cefaleia mais intensa, em que a pessoa não consegue levantar-se, o tratamento envolve a hidratação mais intensa e o uso de cafeína. Em ambiente hospitalar, a aplicação de soro, cafeína e analgésicos é feita por via intravenosa.

Quando a dor de cabeça não se alivia em até dois dias após o procedimento, uma alternativa é fazer o tampão sanguíneo peridural. Trata-se da aplicação de sangue do próprio paciente no local da anestesia, ou seja, o espaço epidural, para favorecer a coagulação do sangue no orifício por onde vaza o líquor. Outra opção também mais invasiva, é o bloqueio do gânglio esfenopalatino.

Conclusão

A cefaleia pós-raquidiana é, sim, comum de acontecer. Mas a boa notícia é que existem práticas que reduzem esse desconforto, tanto nas novas técnicas de anestesia – com o uso de agulhas específicas – quanto no tratamento após o procedimento.

Para que você tenha tranquilidade, informe-se a respeito da anestesia, pois é um procedimento altamente seguro e que traz muitos benefícios para você.

Lembre-se, na vigencia dos síntomas, procure seu anestesiologista para uma avaliação detalhada e orientações quanto ao melhor tratamento e cuidados.

Se ficou com alguma dúvida, entre em contato!