A anestesia raqui – também conhecida como raquidiana ou raquianestesia – é um tipo de anestesia que anula a sensação de dor de parte do seu corpo durante uma cirurgia. Por essa característica, é classificada como uma anestesia regional.
A técnica existe há mais de cem anos, foi aplicada pela primeira vez em 1898 pelo médico alemão August Bier, e vem sendo aperfeiçoada ao longo do tempo. São mais de mil artigos científicos publicados ano a ano desde 2019.
Muito usada em cirurgias de parto cesariana, a anestesia raqui tem como principal efeito colateral uma dor de cabeça intensa. Quer saber por que isso ocorre e quais os outros efeitos esperados dessa técnica? Leia o post até o final e descubra.
A anestesia raqui se caracteriza pela aplicação de substância anestésica na medula espinhal, que é parte do sistema nervoso central e passa pela coluna vertebral.
Funciona assim: com uma agulha fina como um fio de cabelo e 12 centímetros de comprimento, o médico anestesista faz a punção na região lombar das costas, entre as vértebras, com o paciente sentado ou deitado de lado.
A agulha deve ser comprida o suficiente para atravessar a dura-máter – membrana que faz parte da meninge e percorre toda a coluna vertebral – e permitir a aplicação do medicamento no espaço subaracnoideo que contém o líquor – que é o líquido cefalorraquidiano, que banha o cérebro e a medula espinhal.
Esse líquido serve para a proteção do sistema nervoso central. Ao aplicar o anestésico nessa região do corpo, interrompe-se a comunicação dos nervos que transmitem ao cérebro a sensação de dor nos membros inferiores. Além disso, perde-se o controle do movimento na região.
Esse é o efeito esperado da anestesia raqui!
Durante a aplicação da anestesia raqui, pode ocorrer o vazamento desse líquido devido à perfuração, mesmo que minúscula, da dura-máter. Isso reduz a pressão do líquor em volta de todo o sistema nervoso, o que pode dar origem a uma dor de cabeça intensa.
A recomendação é evitar ficar sentado ou em pé. Outra opção para amenizar o desconforto é o uso de analgésicos.
Além da dor de cabeça, existem outros efeitos colaterais comuns:
Não se preocupe, pois o anestesiologista é responsável por acompanhar o paciente durante todo o período da cirurgia, além de tratar e amenizar esses efeitos no pós-operatório.
Anestesia raqui é indicada para cirurgias que sejam de curta duração, pois existe um limite de quantidade de anestésico local que pode ser usado. O efeito da anestesia costuma durar entre 3 a 4 horas.
A anestesia raqui é um tipo de anestesia regional, mas existem outros tipos, veja quais são as principais:
Regional peridural – parecida com a raquidiana, porém, em vez do líquido anestésico ser aplicado dentro da medula espinhal, é injetado ao redor da mesma. Outra diferença é que a peridural é aplicada por meio de um cateter ou por agulha e pode ser administrada mais vezes ao longo do tempo, inclusive no pós-operatório.
Geral – indicada para cirurgias mais complexas e de grande porte, deixa o paciente desacordado e sem conseguir se mover. É necessário o uso de um respirador artificial para manter a oxigenação adequada e evitar aspirar secreções da cavidade bucal.
Local – é usada para pequenas regiões do corpo. Indicado para procedimentos na pele, exames de endoscopia ou cirurgias odontológicas. Pode ser aplicada por injeção, mas também como spray ou gel.
A principal diferença entre a anestesia raqui e a geral é que o paciente permanece consciente durante o procedimento. Com a geral, a pessoa fica totalmente desacordada e sem movimentos.
Os procedimentos mais comuns para o uso da anestesia raqui são nas cirurgias de membros inferiores, pelve, períneo ou abdômen inferior. Isso compreende as operações urológicas, obstétricas, ginecológicas, ortopédicas, entre outras.
Além disso, é indicada para pacientes com comorbidades pulmonares, em que o risco da anestesia geral é maior.
A anestesia raqui é uma importante técnica que viabiliza a realização de cirurgias com mais segurança e conforto, tanto para o paciente quanto para a equipe médica envolvida.
Ao bloquear a sensação de dor nos membros inferiores, a raquidiana é bastante segura e evolui a cada ano para redução de possíveis efeitos colaterais e ampliação de seus benefícios.
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Responsável Técnico:
Dra. Elisana Cristina Sordi
CRM SC 16583 – RQE 15099
CRM PR 32506 – RQE 29704